Dia Nacional dos Direitos Humanos
Autor: conteudo | 12/08/2021Na data de 12 de agosto celebramos o Dia Nacional dos Direitos Humanos. O evento foi instituído em 2012 e é uma homenagem à líder sindical Margarida Maria Alves, que foi vítima de um crime hediondo em 1983.
Em memória a ela e para destacar a importância da data, trouxemos hoje este artigo para falar sobre o Dia Nacional dos Direitos Humanos. Acompanhe abaixo.
Crime
No dia 12 de agosto de 1983, Margarida Maria Alves, à época com 50 anos, foi assassinada por um matador de aluguel em frente à sua casa e na presença do marido e do filho de oito anos.
O crime teve uma grande repercussão e foi denunciado na Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Mesmo assim, somente em 1995, o Ministério Público acusou como mandantes quatro latifundiários. Destes, somente um foi a julgamento em 2001, e ainda inocentado.
História
Para entender o crime precisamos voltar um pouco no tempo, para a Paraíba de 1972. Naquela época Margarida se tornou a primeira mulher a assumir a presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, em plena Ditadura Militar. Ela lutou por direitos como carteira assinada, décimo terceiro e férias. Além disso, foi uma grande incentivadora da educação e dos direitos das mulheres.
Por 12 anos Margarida ficou à frente do sindicato, movendo centenas de ações trabalhistas contra as usinas de cana de açúcar da região. Ela também foi a responsável pela fundação do Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural, como uma das formas de combate ao analfabetismo.
Todo esse fervor e fome por justiça, levaram a sindicalista a receber inúmeras ameaças de morte. A sua resposta mais famosa frente a elas foi: “É melhor morrer na luta do que morrer de fome”. Hoje a frase está pintada na fachada de sua antiga casa, transformada em museu.
Homenagem
Em sua memória foi criada a “Marcha das Margaridas” em 2000, uma manifestação que reúne milhares de mulheres camponesas do país em Brasília e é considerada o maior movimento de trabalhadoras da América Latina.
A Marcha é organizada pela Confederação Nacional de Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), federações estaduais e sindicatos rurais. Também conta com o apoio de movimentos feministas e organizações da sociedade civil.
Em 2012, a partir do projeto de lei da deputada Rose de Freitas foi instituído o Dia Nacional dos Direitos Humanos. E em julho de 2016, a Comissão de Anistia, do Ministério da Justiça, aprovou o pedido de reparação em nome de Margarida, que se tornou anistiada política post-mortem.
A ativista, além de ter um extenso trabalho em vida, possui um legado até hoje e nos lembra de que a luta pelos direitos humanos nunca deve se encerrar.