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A crise política chegou nas carteiras recomendadas: as mudanças do mercado para junho

Com o cenário mais incerto para reformas, analistas antes otimistas diminuíram a exposição para ativos mais arriscados e deram prioridade para empresas dolarizadas e mais resilientes

A crise política que abalou o governo Temer em maio adicionou muita incerteza às previsões e isso refletiu diretamente nas carteiras recomendadas de ações de bancos e corretoras para junho. A expectativa pelo futuro do presidente – e consequentemente o desfecho das reformas, providenciais para o futuro da política fiscal – deixou os analistas em “modo de espera”. Não à toa, ações dolarizadas e de empresas mais resilientes aos possíveis impactos econômicos do caos político gerado ganharam espaço nas carteiras recomendadas.

“A percepção dos agentes é que o imbróglio político doméstico reduziu drasticamente a possibilidade do encaminhamento da proposta da reforma da previdência para votação no plenário da Câmara dos Deputados, ao longo deste mês de junho”, escreveu a equipe da BB Investimentos no relatório da carteira recomendada de junho, que trouxe 8 trocas de ações para este mês – apenas Hypermarcas e RD (ex-Raia Drogasil) foram mantidas no portfólio da corretora. Na mesma linha, a XP Investimentos disse que, embora ainda seja cedo para mudar as perspectivas para 2017, o curto prazo ainda deve ser tomado por volatilidade nos preços dos ativos. “Dessa forma, escolhemos aumentar nossa exposição a ativos de caráter defensivo”, escreve a corretora em seu relatório mensal.

O levantamento feito pelo InfoMoney com 13 carteiras recomendadas mostra que, com exceção da BB Investimentos, não houve mudanças tão drásticas nas carteiras, apenas trocas de posições mais “agressivas” por empresas consideradas defensivas. Assim, a lista das ações mais recomendadas ganhou mais representantes “defensivos” ou dolarizados, como Klabin, Equatorial, RD e Cosan, ao passo que perderam espaço ações mais dependentes da retomada da economia ou que já subiram demais em 2017. O caso mais emblemático foi (ex-Bovespa, que estava em 7 carteiras recomendadas em maio mas em junho aparece em apenas 3. A Magazine Luiza, que já subiu 130% em 2017, não aparece em nenhum portfólio recomendado do mês – em maio, a ação estava em 2 carteiras.

Segundo levantamento da InfoMoney, Itaú Unibanco destronou Petrobras e é a nova “queridinha” dos analistas, com 9 recomendações – mesmo número de recomendações do mês passado. Interessante observar que a preferência pelo maior banco privado do Brasil é bastante nítida frente aos seus pares em bolsa, já que Banco do Brasil e Bradesco possuem apenas duas recomendações. ” Itaú Unibanco é nossa preferida do setor bancário, principalmente por conta do operacional, que historicamente tende a surpreender a expectativa do mercado”, justifica a Ativa Investimentos.

Apesar disso, a Petrobras segue como a segunda alternativa mais recomendada pelos analistas, com 7 indicações – contra 10 em maio. A entrada de Pedro Parente na presidência da estatal, que comemorou um ano à frente da empresa no mês passado, trouxe bastante confiança ao mercado e faz de presença constante entre as carteiras recomendadas. “Vemos muito valor para ser destravado ainda na estatal”, destaca o time de análise da Guide Investimentos.

Uma “novidade” no terceiro lugar das mais recomendadas reflete bem a mudança dos analistas para este mês: é a Klabin, presente em 6 das 12 carteiras compiladas pela InfoMoney – em maio, ela estava em 5 portfólios. A empresa de papel e celulose ganhou espaço por ter uma parcela importante da sua receita atrelada ao dólar, além de ter subido menos em maio do que seus pares Fibria e Suzano. “Operacionalmente, a Klabin é competente e nós também gostamos da gestão, que, apesar da forte componente familiar, se beneficiará da intensificação da participação da empresa no mercado internacional decorrente da nova operação em celulose de mercado”, disse a Guide Investimentos, que incluiu em sua carteira de junho.

Fonte: http://www.infomoney.com.br/mercados/noticia/6601155/crise-politica-chegou-nas-carteiras-recomendadas-mudancas-mercado-para-junho